11 de fevereiro de 2011

Contos não contados de Solaris #3 - O Despertar pt3

Olá leitores!

Hoje a terceira parte do conto "O Despertar". 
Semana que vem a finalização dessa empolgante aventura.
Caso não tenha acompanhado, abaixo segue o link para as duas primeiras partes:


Enjoy ^^
O Despertar pt3


É noite.
Os alegres sáritos de Ludwig já entoaram suas canções, as tavernas noturnas já abriram suas portas e, dessa vez, a Taverna do Pala Chifrudo também se abre, para a alegria da população sedenta de andermaltein. Dessa vez, até Autolycus, o famigerado rei de Dokapon, apresenta-se a taverna para cumprimentar seus amigos que a tanto tempo não via.

- Você veio de longe gnomo Bill. Onde estava desta vez? Anoehin? - a imponente voz élfica de Autolycus silencia toda a taverna. O rei se aproxima do balcão onde Bill está sentado em um banco ajustado a sua altura.
- Sim, a infernal e gélida cidade de Anoehin. Se não fosse pela Andermaltein, descartaria essa cidade de meu mapa.
- Temos toda a Andermaltein que você precisa bem aqui meu pequeno amigo. Mas não hoje... - sussurra o elfo -  Hoje preciso que venha comigo ao encontro de um velho amigo.
- Quem dessa vez? Algoron? - o gnomo ri, como a muito tempo não o fazia.
- Não, Kratos.

* * *

Não é muito vantajoso a um gnomo correr contra uma criatura com o dobro de sua altura. Apesar de ágil, suas pernas pequenas não são capazes de superar a velocidade da negra criatura que persegue Moak. Seu anel, que por muitas vezes lhe salvou a vida, dessa vez não poderá salvá-lo, mas ainda tem um trunfo...Precisa encontrar Knacnahaito e sua flauta.

Moak se esconde próximo ao local onde foi capturado. Atenta-se a ouvir os passos de seu perseguidor, sem sucesso. Porém, parece ouvir uma risada abafada. Tenta identificar a direção, mas está cercado por paredes e o único caminho seria o de volta. “Se eu tivesse minha flauta...” - ele pensa.

Por falta de combustível seu lampião se apaga. A sorte parece abandonar o gnomo, esse que não se lamenta de sua situação. Apenas pensa como poderia estar Knacnahaito, seu amigo druida-dragão. 

A risada aumenta o volume, e agora parece vir de trás da parede onde o gnomo se encosta. É uma risada conhecida. “Seria ele?” - pensa o pequeno.

Do outro lado da parede, sentado à uma mesa de pedra, o anão Knacnahaito se delicia com um prato de coelho assado em companhia de seus novos amigos.

- Sabe, normalmente eu não comeria esse pobre animal, mas Nahn deve perdoar minha fome. Com certeza retribuirei sua benção. Nahn é muito boa pra mim sabe, uma deusa que valoriza seus devotos...
- Se soubéssemos que não comia animais, poderiamos ter trazido algumas raízes. Não costumamos comer animais também, mas Phrull nos trouxe esse coelho pela manhã. Achamos estranho, um coelho saltitando pelo deserto, mas bem, comida é comida!
- É isso que digo quando estou com fome! Mas bem, estou satisfeito agora, agradeço mesmo a recepção de vocês mas preciso encontrar meu amigo...
- Ah... mas você ainda não nos disse como chegou aqui. Ficamos curiosos pois ninguém vem aqui! Você é a primeira criatura viva que vemos em meses! Até o coelho, coitado, chegou morto em nossas mãos.
- Bem, viemos caminhando, meu amigo Moak e eu. Eu não sei ao certo o que ele busca, mas fiquei interessado pelo templo de Onainahaback que ele me disse ter aqui em sua cidade. Aliás, ficaria grato se, depois que encontrasse meu amigo, pudesse nos levar a seu templo. Preciso me desculpar com o filho de Nahn, pois... 

Knacknahaito é interrompido por um badalar de sinos. Os drows, como se apresentaram ao anão, parecem se assustar com o sinal. “Mas era pra ser mais tarde...” eles indagam entre si. Amadar, o gentil drow que serviu Knacknahaito, apressa-se em prender o anão contra sua cadeira.

- Perdão amigo, mas surgiu uma emergência. Voltaremos em breve com seu amigo Moak, não se preocupe, ele está bem.
- Sem problemas Amadar, vá fazer o que há de ser feito. - Knacknahaito responde empático.

* * * 

- Kratos? Você quer dizer o semideus do tempo? Como encontrar esse nômade? Pensei que ele sempre sabia onde deveria estar...
- Sim, você está corretíssimo Bill. Porém dessa vez é Kratos quem precisa de nossa ajuda, e precisamos ir os cinco até ele. - Autolycus vira uma caneca de andermaltein. - Mas isso está quente!
- Você quis dizer quatro?
- Não, cinco.
- Será que alguém pode me explicar o que acontece aqui de uma vez por todas? Posso não ser rei, mas ainda assim sei contar. Estamos aqui com John, Henk, você e eu. Estamos em quatro... A não ser que pretenda levar alguma andermaltein pra viagem, aí entenderei seu cálculo.
- Não amigo ladino, eu falo de Moak, seu parceiro gnomo. Sem ele não conseguiremos entrar em Dneeth.
- Kratos está em Dneeth?
- Sim, no quinto distrito pra ser mais exato. Mas vamos terminar essa conversa fora daqui...
- Não mesmo senhor excelentíssimo rei de Dokapon. Pode me explicar essa história toda agora, ou não seguirei viagem com sua trupe!
- SAIAM DA TAVERNA! - Autolycus ordena em bom tom para os presentes - O Pala Chifrudo fecha agora. Voltem amanhã.

Imediatamente a taverna se esvazia ao som de reclamações e resmungos, polidos por um “viva o rei Autolycus” em tom sarcástico, e apenas nossos quatro aventureiros, em torno do balcão, permanecem no recinto.

- Me explique então como pode saber que Kratos está em Dneeth... - Bill irritado e pensando como era feliz em Anoehin.
- Bem, leia a carta que Istvan me entregou e tire suas próprias conclusões. - Autolycus retira de seu colete um pedaço de papel enrolado, amassado e amarrado com um barbante.

Bill passa os olhos sobre a carta e agora entende o que acontece. Ao que parece, Kratos entregou-se a Algoron e acabou em Dneeth, onde descobriu um plano de abrir um caminho entre o mundo-mente e o mundo real.

- Isso é loucura amigo elfo. Não irei para Dneeth.
- É uma pena Bill, pois há um amigo que adoraria vê-lo por aquelas bandas.
- Temos pouco tempo para decidir - Henk interrompe - Moak já deve estar em Lokandar agora.
- Mas como iremos para Lokandar, fica a dois dias de viagem daqui e ainda tem o deserto Djabo no caminho...
- Vamos descobrir uma maneira Bill.

...continua

Um comentário:

  1. Diego, muito bom. Meus parabéns, cara! As referências ao cenário estão ótimas. E essa história está bem empolgante! Continuemos!

    Abrçs

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