27 de janeiro de 2011

Contos não contados de Solaris #1 - O Despertar pt1

Buenas meia duzia de leitores que acompanham o Mundo Jepo!
Esse é o início de uma nova série aqui no blog pra quem gosta de contos de RPG. Publicaremos periodicamente algumas histórias habituadas em Solaris, o mundo de nosso cenário Jepo.
Para os que jogam em Jepo ou querem contribuir com histórias, podem enviá-las ao e-mail mundojepo@gmail.com que com certeza leremos e publicaremos as melhores.

Começaremos com a primeira parte do conto:

O Despertar

É noite.
A lua alaranjada de Endharkar ilumina os céus de Ludwig, misturando as luzes do crepúsculo com a escuridão noturna, deixando confusos aqueles que ainda não conhecem a magia de Endharkar, o sol noturno.
Os sátiros já entoaram seus costumeiros cânticos de fim do dia. As tavernas abrem suas portas. As lojas fecham. É noite em Ludwig.



Porém uma taverna permanece fechada. A mais famosa de Ludwig, talvez a mais conhecida em toda Dokapon - talvez em toda Solaris. A Taverna do Pala Chifrudo, para tristeza de muitos, não abre as portas nessa noite.
Especulam que seja má vontade, outros dizem que acabou toda a Andermaltein, uns ainda ousam dizer que talvez o paladino tenha batido as botas... Porém a verdade é que Henk, o paladino, está longe de sua taverna.

Em um descampado próximo a Cidade do Sul é possível observar a silhueta de um homem alto, vestindo sua armadura de batalha, que se senta próximo ao "Misterioso Barco Terrestre" - recente ponto de interesse na cidade. Chegando mais perto, é possível vê-lo praguejar, enquanto bebe de uma garrafa.
Henk lamenta pela sua vida. Seu interesse pela Taverna do Pala Chifrudo esgotou. A arrogância de Autolycus fez sua lealdade diminuir aos poucos. Sente saudade dos tempos em que fazia parte da Caravana do Lobo, de sua colega droll, e de quando saiu aventurado pelo mundo com um grupo de guerreiros que chegou a chamar de amigos.
Pensa sobre como sua vida se tornou cômoda, e que não costumava ser assim. Já um pouco alto - de beber sua quente Andermaltein - decide tomar outro rumo. Abraça o barco estacionado em terra firme.

- O barco da comitiva...todos querem ver o barco da Comitiva Escarlate. - ele arremessa a garrafa ao léu.
- Mal sabem que esse barco era meu!

*  *  *

O frio entra pela clarabóia do quarto. “Não acredito que esses anões malditos tem clarabóias nas casas com um clima desses” - sussurra o gnomo debaixo das cobertas de pele de carneiro. Lá fora a neve toca o chão formando uma grossa camada. A cidade de Anoehin retoma suas atividades diárias como se a nevasca fosse uma breve brisa. 

- Impossível dormir nesse frio! - resmunga o pequeno infeliz.
- É sempre inverno em Anoehin, você já devia saber disso Bill. - a voz surge pela porta.
- Pensei que havia deixado claro que não quero ser perturbado. Feche a porta quando sair sim...
- Pensei que ficaria feliz em ver um velho amigo.

Bill reconhece a voz e se vira repentinamente. Era John, seu velho companheiro de luta, hoje comandante do exército de Ludwig. Haviam se passado três anos desde que se viram pela última vez no torneio de Alendar, evento esse que Bill não gosta de recordar.

- John, o que faz em Anoehin? - Bill ergue seu pesado cobertor, retira um sobretudo do porta-chapéu e o veste, escondendo seu pijama vermelho de gnomo.
- Bom, resolvi tirar alguns dias de férias, conhecer lugares novos... Sabe como é, Ludwig tem sempre as mesmas caras e em Anoehin não tem sátiros tocando flauta só porque o sol se pôs.
- Sei John, conheço seu amor por Ludwig, não tente me enrolar...
- Sempre direto. Cadê seu humor de gnomo? 
- Você sabe muito bem o que aconteceu com meu humor de gnomo. Se veio aqui pra me atazanar então melhor me deixar dormir...
- Ok Bill, fique calmo. Na verdade eu vim a favor de um velho conhecido. Mas não posso te dizer nada a menos que me acompanhe. Você pode dormir na carroça, durante a viagem.
- Desde que seja pra um lugar sem neve, eu topo.

*  *  *

- Não posso acertá-lo, ele irá morrer! - grita o anão em desespero. Você entende Moak? É uma espécie rara, se eu matá-lo quantos mais restarão para povoar Solaris?
- Faça o que quiser amigo, só não reclame de fome mais tarde.
- Podiamos ter arranjado algumas frutas.
- Estamos em um deserto. Você entende o que isso quer dizer? Não existem árvores em um deserto, quem dirá frutas! - Moak responde, já perdendo a paciência.
- Bela maneira de se tratar um amigo. Primeiro você o deixa com fome, depois grita com ele. Não sei de você, mas eu prefiro passar fome a sacrificar esse pequeno lagarto voador. - o anão deixa o réptil escapar por entre os dedos, esse que bate suas asas delicadas e voa desajeitadamente até seu ombro.
- Tudo bem, faça como quiser. De qualque maneira, já estamos chegando.
- Se eu ainda pudesse voar...

O deserto parece não ter fim. Uma breve tempestade de areia tenta impedir os aventureiros de atingirem seu destino. O abandonado templo de Onainahaback, no deserto Djabo, não é visitado a décadas, abandonado desde a tomada dos Githzerai sobre a cidade humana de Lokandar. Moak sabe que deve visitar esse templo, sabe que os Githzerai não o destruíram ainda e sabe o caminho que deve seguir, mesmo sem nunca ter visitado.
Knacnahaito, o anão, não parece feliz com a idéia.

- Se eu não tivesse tão faminto, eu poderia voar até esse maldito templo.
- Você está ofendendo Onainahaback. Não esqueça que ele é filho de Nahn, sua deusa-mãe. 
- Tem razão. Vou pedir desculpas em minhas próximas orações. - arrepende-se Knacnahaito
- Você pode rezar no templo quando...

A tempestade piora por um momento, o que assusta a dupla de viajantes, porém cessa logo em seguida, revelando logo a frente vestígios de uma torre inacabada.

- É a cidade de Lokandar! - Moak exclama feliz.
- Não consigo ver, tem areia nos meus olhos...
- É a cidade, chegamos na cidade! O templo fica ao norte da fonte central. Vamos logo!
- Tem uma feira nessa cidade? Talvez consigamos algumas frutas...

A cidade de Lokandar foi abandonada pelos Githzerai depois do ataque em massa promovido por Ludwig a mando do, até então, rei Dickinson III. O povo de Ludwig não quis mais saber das terras inférteis do deserto, ainda mais com medo de que os “selvagens cefálicos” voltassem a atacar. Atualmente a cidade é ponto de encontro de clãs de ladinos e piratas. Mas não hoje.

- Você disse que tinha uma fonte central, mas não tem agua aqui. - reclama o anão.
- A fonte é de luz. O povo de Lokandar vivia no subsolo. Nosso templo deve estar no subterrâneo também.
- Talvez achemos algumas raízes comestíveis nesse subterrâneo...

Continuam a exploração até que encontram a fonte. Moak usa sua corda para descer, enquanto Knacnahaito, em uma tentativa falha de imitar seu parceiro, simplesmente despenca sobre o pobre gnomo. Uma nuvem de poeira levanta, sendo cortada pelos raios de sol que descem a fonte. Esbravejando, Moak segue até um dos cantos da sala e busca um espelho redondo, pouco maior que seu corpo. Posiciona o espelho em uma fenda e reflete a luz em outro espelho, revelando assim um jogo de espelhos que ilumina toda a sala. A poeira baixa e agora é possível perceber a dimensão da cidade de Lokandar. Ludwig ficaria envergonhada, mesmo com toda ostentação de Autolycus, ao ver a bela estrutura subterrânea que os humanos construiram em tão pouco tempo.
Conforme as instruções de Moak, o templo de Onainahaback fica ao norte da cidade, que é pra onde seguem.

- Tivemos sorte de a cidade ainda estar abandonada. Imagine se tivéssemos que enfrentar um clã de piratas, ou o exército dos Githzerai... Knacnahaito, não precisa ter medo, estamos sozinhos aqui. Vê, o templo está logo a frente. Leia a placa... Knacnahaito?

O druida de Nahn já não acompanhava mais Moak, que ficou desesperado sem seu amigo. A placa indicava o templo de Onainahaback logo a frente. Moak não sabia mais o que fazer, até que ouviu alguns sussurros... e tudo, repentinamente, ficou preto.

...continua
Parte 2

Um comentário:

  1. Omg, omg, omg!!!

    Que, qué isso!!!! aheuaehauhauh

    Orra, muito show, cara! Sensacional! Vou ficar aguardando pela continuação disso! 8D

    Parabéns!

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