9 de agosto de 2010

Diário de Alexander, o nômade.

Dia 22 de Solehin.
Ano quatro da Segunda Era Fria.

Os deuses nunca me perguntam nada, porém sempre me colocam em situações ridículas. “Kratos, dê a ele o anel da vida eterna” - eles devem ter dito. “Vamos testar o quanto ele aguenta viver até jogar o anel fora...” é só o que passa na minha mente. E o pior é que não acho esse maldito anel...minha bota tá uma bagunça!


Sou feito de refém. Estava em uma taberna de Lokah, e agora estou aqui, nesse quarto escuro, com o som dos draconatos que me aprisionaram. Pelos deuses como roncam! “Eles chegaram!” - um deles diz, e ouço o som de metal tilintando. A escuridão é tomada por uma bola de luz, e uma enorme cabeça dracônica surge a minha frente, no ambiente branco que se tornou. Uma enorme e branca cabeça draconica em um quarto branco e vazio, como minha alma deveria estar naquele momento. Podia sentir uma gota gelada de suor pingando de meu nariz, até que a grande cabeça se movimentou em minha direção. Mal pude ouvir o que dizia, apenas me pus a correr o mais rápido que podia, até ser atacado por um grupo de aventureiros.

Ladinos, sequestradores, torturadores é o que são. Se apresentam como a Comitiva Escarlate, como se eu pudesse conhecer... De escarlate só tinham o brilho das joias que deveriam roubar dos viajantes inocentes, de certo. Mas de mim nunca tirariam nada!
Estavam tão perdidos quanto eu. A maga queria minha morte, enquanto o bruxo queria informações. “Vamos matar esse cara antes que ele mate a gente!” - ela dizia. Lembrando, nem sei como fui capaz de salvar sua vida... Várias vezes!
Disse a eles tudo que sabia. Acompanhei o grupo por todo o caminho do templo. Vivenciei cenas do futuro, com um exército atacando o que parecia ser o dragão branco dos deuses, Gomir, e até enfrentamos uns pequenos draconetes. Até que a maga foi deixada pra trás. 

Eu já havia me distanciado do grupo a um tempo, quando encontrei o corpo da maga assassina jazido no chao do templo. Seu bichinho de estimação, se é que posso chamá-lo assim, ainda a defendia de alguns possíveis ataques, e por duas vezes tentou me impedir, até que percebeu que queria ajudar (ou que era inutil me atacar!). Juntei seu corpo do chão e li o bilhete deixado pelo bruxo. Aries era o nome dele, escreverei sobre ele em minha biografia, cara astuto. 

Tentei voltar a sala dos vitrais, onde vimos a cena do dragão branco, mas foi inutil. O templo se reconstruia a cada sala que eu entrava. Ao todo, visitamos dezessei salas, e em todas, presenciei formas diferentes de morrer. Novamente, os deuses me testando.Danem-se! Eu quero perder esse anel, mas não posso encontrá-lo! Minha bota tá uma bagunça!

Ceciliana, a maga, não morria também. Por mais que caíssemos de alturas incontáveis, mergulhássemos em lava fervente (isso foi tolice minha, eu assumo... mas deveria tentar algo, haviam diabretes atrás de nós!) ou fôssemos esmagados por golens de qualquer essencia, ela permanecia inerte, com a gosminha verde balançando pra lá e pra cá, como uma criança querendo sair do berço. Desmaiada ela até tinha uma beleza... mas nao esqueci que queria me matar. Como poderia casar com uma mulher que tentou me matar? Como seriam nossos filhos? Pequenos psicopatas que estrangulariam o papai imortal porque ele não os deixou sair com o tio sátiro? Não, não, ela não é pra mim... Espero que ela não acorde até sairmos desse templo desgraçado. Por garantia, lhe golpeio. Já que não morre, mantém-se desacordada.

Chego finalmente a uma sala que não tinha saida nenhuma. Nem de onde viemos! Perfeito, agora o imortal paladino morrerá de fome TODOS os dias. Agradeço a todo o panteão por essa dádiva, depois desejo individualmente a cada um dos deuses o que não desejaria para nenhum inimigo. Quase posso ouvir suas risadas, deuses sádicos!

Passam-se alguns dias e, após morrer de fome por tres vezes, a parede se ergue. Vieram, finalmente! Os deuses vieram me julgar! - pensei. Mas não. Era só o “cospe-fogo” da Comitiva Escarlate. Pareciam surpresos por eu ter salvo sua amiga. Surpresos por eu ter feito o que deveriam ter feito. Como disse, saqueadores, torturadores e infiéis! Menos o bruxo. Aries...Esse é gente boa!

Bom, depois disso vem a parte da lenda que toda Solaris conhece, e que não acreditam em minha participação. Apesar de não ser membro da comitiva (com orgulho!) participei da sala das estátuas, vi Fumaça de Prata se sacrificar pelo fim da Era Fria e fui assaltado pelo bruxo gente boa. Mas não o culpo, afinal, merecia uma gratidão por tudo que fez por mim. Dei a ele 10 diamantes astrais. Que faça bom uso! E que quem receber esses diamantes não tente trocar... pois não são de toda veracidade. Se o bruxo não gastar os diamantes em um ciclo, talvez eu não escreva mais diários...

Finalmente chegamos em Pinus, e por incrível que pareça, o calendário central ainda marca dia 22. Tentei comunicar a alguns, mas todos respondiam com um “deixa de ser maluco, seu maluco!”. Passei por, pelo menos, cinco dias de tortura dentro do templo, que não contaram aqui fora...Devo ser maluco mesmo, ou a data em Lokah estava errada. De qualquer maneira, me baseio em Pinus, onde publico este diário. 

Por ora, não há mais o que ser dito.

Provem a Andermaltein de Ludwig, na Taverna do Pala Chifrudo. Digam ao paladino Henk que ficaram sabendo por meu diário e ganhem um desconto!

- Alexander, o nômade.

Um comentário:

  1. Muito bom!!! ahueaheuaheahue

    Parei de ler umas três vezes para poder dar risada!

    Ótimo texto. =)

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