Faz muito tempo desde minha última aventura.
A nobre Comitiva Escarlate não se compara a legendária Caravana do Lobo, muito menos ao grupo que veio comigo a este mundo. Na verdade, tal comparação seria uma ofensa à memória desses grupos.
Porém sou grato por sair daquela hedionda taverna, que mesmo imunda, fedia menos do que os corredores do Templo de Nuanahan. Os corpos pútridos que compunham o cenário do templo ao menos eram mais educados do que os visitantes do Pala Chifrudo. Nome impróprio ao estabelecimento, mas escolhido por Rei Autolycus, a quem devo todo meu respeito.
Foi no templo que meus interesses sobre a aventura começaram. Por pouco não esqueço nossa verdadeira missão. Quando vi pela primeira vez a figura do diabrete azul que nos seguia, sabia que era um bom desafio. A criatura usou de toda sua inteligência para nos enganar. Mas é claro que não conseguiu. Talvez se eu não estivesse presente teria conseguido, mas Gonar caminha do lado da comitiva, e sua magnitude se faz presente sobre minha figura.
Ébrio, o bêbado, tinha em suas mãos o artefato que antes enfeitava o sarcófago de Nuanahan. Seus olhos brilhavam e sua voz brandia quando começou seu conto. Denotava-se por Nor, o Cetro de Nuanahan. Agradecia-nos por libertá-lo de seu sono e se sentia feliz por ter dentro do templo guerreiros de tamanha bravura. Referia-se a mim, claro.
Nor terminou seu conto e Ébrio desmaiou. O artefato flutuava a nossa volta, como se procurasse o mais poderoso. Parou por alguns segundos a minha frente, mas foi até Áries. Merecidamente, o bruxo foi escolhido como o novo portador de Nor. Não era de meu interesse tamanha responsabilidade. Afinal já tenho uma taverna para cuidar...
Continuamos com a exploração. De acordo com Nor, a criatura desafiadora se chamava Nuluu, e estava a mais de dez anos tentando se livrar dela. O artefato havia criado as armadilhas do templo, e conjurava as criaturas que nos atacaram assim que entramos. Enquanto estava conectado ao corpo de Nuanahan, estava conectado ao templo, era o que ele dizia.
Foi Áries, o astuto, quem elaborou a idéia que nos fez triunfar sobre Nuluu. Com toda sua sabedoria, elaborou as charadas que fizeram a azulante criatura urrar de frustração.
Suas charadas, de alguma maneira, fizeram a criatura surtar por respostas, e essa veio até o nosso grupo. Nós que caminhávamos até o sarcófago de Nuanahan novamente, após sermos teleportados para o inicio do templo.
Esse cetro que nos engana, pois suas falas pouco me convencem, foi o responsável pela criação dos portais também. Então como que, desconectado do templo, poderia manter os portais funcionando?Indiferente a isso, nos levou a saída verdadeira. Não antes, é claro, de derrotarmos Nuluu.
A criatura era realmente astuta. Criava cópias de si mesmo e dificultava cada vez mais nossa vitória. Quando estávamos prestes a derrotá-la, absorvia suas cópias e se revigorava. Foi Kreev, o segundo pilar da comitiva, que me acompanhou na derrota do ser azul. Encurralada, a criatura não tinha para onde fugir, e suas copias se tornaram inúteis. Antes de derrotá-la, Kreev ainda fez questão de responder a única charada que elaborou. Guerreiro não tem muita inteligência.
Saímos do templo e a luz do sol nos banhava novamente. Podia sentir a presença de Gonar conosco. A Ordem predominava novamente. Podia ver que Kreev se sentia aliviado também. O coitado, em sua ignorância, não entende a benção concedida por Gonar. Tenho esperança que um dia será devoto da Ordem.
O povo Mokai percebe nossa presença, no alto de uma pirâmide ao centro do vilarejo. Os tambores soam, mas não é em ordem de ataque, como dizia o velho pirata. Eram rufos de triunfo. A Comitiva Escarlate havia libertado o povo Mokai da opressão de Nuluu. Uma nova história a ser contada pelos bardos, um novo livro para as crianças, um novo diário para Alexander, o Nômade, e uma nova vitória de Henk, o paladino de Gonar.
Hugo, o velho pirata, era o novo faraó do povo Mokai. Não o disse antes, pois tinha esperança na comitiva. Claro, o paladino de Gonar seria o único capaz de derrotar o terrível ser que tanto horrorizou seu povo. Pobre homem.
Contou sua historia de como chegou a ilha e como foi abandonado pelo capitão de seu navio. Cataventos VIII, o navio mais rápido de Solaris, pertenceu à tripulação de Endro T. Buttscarr. Stiwie, nosso herói da Espada de Marfim, não passa de um covarde, pois foi fugindo dessa ilha que chegou a Tubniar... Ah, como a história se faz valer a pena!
Por fim, após ouvir toda historia, participar da comemoração e finalmente descansar, partimos à costa, onde meu destroçado navio (agora concertado pelo povo Mokai, péssimos naveleiros por sinal) esperava por nossa partida. Despedimos-nos do povo Mokai e do druida que viu no povo uma chance de aproximar-se ainda mais de Nahn, sua deusa. A comitiva teve uma ruptura, mas estou presente. Por enquanto.
Hoje, sobrevoamos com meu navio (graças a Nor), sobre a armada dos anões. Esses pequeninos estão planejando um ataque, provavelmente à Pinus. Melhor para nosso grupo, enfrentaremos menos perigos para resgatar Autolycus.
- Henk, paladino de Gonar.
Nossa, muito bom.
ResponderExcluirSinto muito não ter participado desse "desfecho" na Terra dos Mokai...
Vida longa, Comitiva!